OS PESSIMISTAS QUEIXAM-SE DA VIDA, OS OPTIMISTAS ESPERAM QUE TUDO MELHORE, OS REALISTAS AJUSTAM-SE
Futebol Indústria, quando o desporto não significa saúde
o OUTRO: Vamos à actual e grande questão quanto ao regresso do futebol.
EU: OK, vamos a isso, e começo por salientar que me guardei para mais tarde para não entrar no jogo da asneira (uma tão privilegiada ideia de um tal pateta alegre que se desdiz todos os dias no folclore deste futebol). Um passo de cada vez, já que todos estamos conscientes que o encolher de benefícios e o aumento de prejuízos, são uma realidade.
E o que aqui escrevo é a opinião, dum homem que “adora” o desporto, e o que digo quanto ao futebol digo-o para toda e qualquer modalidade desportiva de contacto, que até parece estar a ter mais bom senso que as gentes no futebol.
Teremos que admitir que o futebol, por muito que o queira parecer, não é uma modalidade desportiva, mas sim uma indústria que se utiliza duma modalidade desportiva.
“Mens sana in corpore sano” é um lema que não se aplica ao futebol, mas falando do futebol indústria, e porque pertenço ao público, assumirei que o futebol espectáculo sem público não é espectáculo, e se nele tenho participado com a minha quotização e o meu lugar de Gamebox, sentir-me-ia defraudado sem a minha participação como elemento do público que alimenta o futebol, sem pertencer aos que se alimentam do futebol. Eles comem tudo, eles comem tudo, eles comem tudo e deixam …pouco.
o OUTRO: Estás totalmente contra o reinício do futebol a curto prazo?
EU: SIM, TOTALMENTE. Atendendo à virulência do COVID-19, questiono-me quanto a responsabilidade de se algo de pior acontecer com efeitos de incapacidade e mesmo de letalidade. E não me venham dizer que a própria vida sempre inclui riscos, porque nuns casos são riscos inesperados, noutros são riscos admissíveis sem nada de inesperado. Riscos bem diferentes. E este COVID-19 é uma praga que como qualquer gripe se evade e se esconde podendo aparecer em qualquer momento e de qualquer forma.
o OUTRO: Mas queres sugerir algo que se insira numa crítica construtiva?
EU: É minha forte convicção, que as épocas e seus campeonatos devam acabar com a realização dos jogos em falta, em modos a estruturar com bom senso, admitindo que tivesse que haver um período de nojo, de interdição, de espera, onde se manteriam todos condicionalismos da época em curso. Como se tudo tivesse parado no tempo.
Mesmo admitindo que os jogos só pudessem começar em Setembro, como admiti em 27 Março p.p., haveria sempre que condicionar este reinício a uma garantia da saúde de todos intervenientes, já que campeonatos amputados da sua génese e da sua verdadeira dimensão são um atropelo à verdade da competição.
o OUTRO: Algo que me parece totalmente contra os actuais propósitos do Estado e do Futebol.
EU: Como já o disse acima, poderíamos como exemplo, admitir que começando os jogos em Setembro com jogos num período de 72h ou mais, até que a época em curso terminasse, e mesmo com o jogo da final da Taça. Em Novembro? Talvez. E depois, dar um período de 2 a 3 semanas para o reinício da próxima época.
Esta próxima época poderia ser dividida em 2 conjuntos, uma com os primeiros 10, 9 ou 8 classificados, e a outra com os últimos 8, 9 ou 10 classificados, com jogos a realizarem-se ao mesmo tempo, e podendo os 2, 3 ou 4 primeiros classificados deste 2º grupo, à posteriori, realizarem os seus jogos com todos os últimos 2, 3 ou 4, para se apurarem os os clubes a ficarem no 1º e no 2º grupo, na época seguinte. E se necessário arranjar jogos (alguns jogos?) com, aqui também, intervalos mais curtos. E o mesmo, para os campeonatos inferiores.
o OUTRO: E o que achas da tal ideia dos cartões amarelos para jogadores que cuspissem para o terreno?
EU: Sou muito contra o cuspir-se para o terreno de jogo, mas a ideia que foi promovida pelo médico da FIFA até me parece acertada e corajosa. Este vírus não brinca e a sua propagação pode ser de muitas formas. Mas claro que, logo se levantaram as habituais línguas viperinas, para criticar. E diria até que parecendo bastante rocambolesco, admitiria que os jogadores pudessem ter lenços em calções com bolsos zipados.
o OUTRO: E para terminar como é que os clubes podem sobreviver sem a necessidade do jogo a curto prazo.
EU: Um sacrifício de todos incluindo os jogadores que recebendo valores exorbitantes poderiam nesta fase, deles abdicar recebendo um valor mínimo, que auxiliasse a manutenção duma indústria que os serve tão bem. E mais alternativas poderiam ser adoptadas deste que não colidissem com a saúde dos intervenientes… e do público.